Se a luta das mulheres por oportunidades no mercado de trabalho é historicamente construída em meio às desigualdades e preconceitos, imagine os problemas enfrentados pelas mulheres metalúrgicas.
Dados coletados pelo Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, mostram que as mulheres são cerca de 20% da categoria metalúrgica, ganham 36% a menos do que um homem, a maioria são chefes de família, sendo grande parte de mães solteiras e possuem mais escolaridade. O estudo foi encomendado pela subseção dos Metalúrgicos da cidade de Sorocaba (SP) e mostra o perfil da mulher metalúrgica no município e nas cidades da região.
A diretora sindical, Alsira Lima, explica ainda haver diferença da equiparação salarial entre homens e mulheres e considera que a pauta da igualdade do salário não é valorizada, pois, não possui nenhum incentivo governamental que torne obrigatória essa questão. “As mulheres são mais organizadas e tem muito mais zelo naquilo que faz, e todas as profissões exercidas pelos homens são também exercidas pelas mulheres, mas infelizmente como ainda existe esse preconceito. São poucas as situações que conseguimos inverter através do diálogo ou mediante a nossa convenção coletiva”, explica.
Com presença ativa na luta sindical, Alsira conta que durante sua trajetória muitas vezes teve que bradar para com que suas ideias fossem ouvidas e respeitadas. “Embora o processo para se adquirir respeito seja lento, há sinal de que estamos nos tornando cada vez mais conscientes da importância do nosso papel seja na base, nas portas de fábrica, mas sempre conquistando grandes resultados, pois quando uma mulher se posiciona, tem atitude, audácia, ela avança”.